A maré vermelha é resultado da hiperconcentração de microalgas.
MARÉ VERMELHA
A maré vermelha é resultado da hiperconcentração de microalgas da espécie Dynophisis acuminata, dinoflagelados que têm uma coloração terrosa, o que explica a cor avermelhada nas águas. A mancha pode também adquirir outras colorações – marrom, laranja, roxo ou amarelo – de acordo com a espécie. No entanto, essas não causam grandes problemas ambientais porque não produzem toxinas. Uma vez que a água nem sempre fica vermelha, o termo vem sendo substituído por “floração de algas nocivas”.
FATORES
Elas estão sempre presentes no plâncton marinho e se multiplicam ao encontrar condições ideais, como mudanças de temperatura (calor), excesso de nutrientes nas águas, alteração na salinidade e despejo de esgoto nas águas do mar (efluentes domésticos).
A frequência, intensidade e dispersão geográfica com que ocorre este fenômeno, está diretamente relacionada à poluição e ao processo de eutrofização das águas marinhas. Fatores como a temperatura, luminosidade e salinidade associados com níveis elevados de nutrientes (matéria orgânica), contribuem para que ocorra um bloom de microalgas, favorecendo o surgimento das manchas na água, características deste fenômeno.
RISCOS
Os moluscos bivalves, por filtrarem grandes volumes de água do mar, tendem a concentrar biotoxinas em seus tecidos, potencializando os riscos à saúde das pessoas que consomem esses organismos. Com frequência, as marés vermelhas de algas tóxicas comprometem a saúde pública, principalmente pelos efeitos do consumo de pescado contaminado.
As toxinas contaminantes não são eliminadas por tratamento térmico, não adiantando submeter os moluscos a cozimento, fervura ou congelamento. Suas características organolépticas, ou seja, seu gosto, sabor e cor também não sofrem alterações, fazendo com que a toxina passe desapercebida por quem as ingere.
SINTOMAS
O consumo desses alimentos contaminados pode provocar sintomas típicos de uma intoxicação: vômito, diarreia e até danos ao sistema nervoso. Também podem ocorrer dormência na boca, parada respiratória, amnésia e convulsões, ocasionado sérias complicações à saúde do consumidor
Os sintomas podem surgir entre 30 minutos e 12 horas após a ingestão.
MONITORAMENTO
É de suma importância que sejam estabelecidos programas amplos de monitoramento, envolvendo não apenas as universidade e instituições públicas responsáveis pelo controle da qualidade ambiental. É necessário cobrir todas as etapas do processo (detecção, identificação e análise de material fresco no laboratório, acompanhamento das manchas até sua dissipação etc.), além de engajar a população local quanto aos riscos associados a esses eventos.
Responsável por monitorar continuamente as áreas passíveis de contaminação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantém o Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves, que em São Paulo ainda está em fase de implantação.
A Coordenadoria de Defesa Agropecuária é responsável pelo cadastramento de produtores de moluscos bivalves, pelo controle de sua sanidade e movimentação e controle higiênico sanitário de estabelecimentos de beneficiamento, realizando coletas periódicas de água e do mexilhão Perna perna. As análises são realizadas no Laboratório Oficial de Análise de Resíduos e Contaminantes em Recursos Pesqueiros (Laqua), do Instituto Federal de Santa Catarina, localizado em Itajaí.
Um grupo de trabalho para ações emergenciais e de contingência foi constituído no Estado de São Paulo para a realização de ação conjunta nas diferentes áreas de atuação do Estado. Este grupo é composto pelo Centro de Vigilância Sanitária, Secretaria de Estado da Saúde, por sua Coordenadoria de Controle de Doenças, Fundação Florestal, Instituto de Pesca, Centro de Vigilância Epidemiológica, responsável pela vigilância sanitária e controle epidemiológico de ocorrências relacionadas à saúde humana e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelo monitoramento da ocorrência destas florações.
No estado de São Paulo, a CETESB efetua o monitoramento ambiental bacteriológico da balneabilidade das praias e a contagem e identificação de fitoplâncton marinho em pontos situados próximos a cultivos de moluscos. Eventualmente, quando há alguma alteração na água das praias monitoradas para balneabilidade, como presença de espuma e alteração da coloração da água, é feita uma coleta extra de água para avaliar a presença de microalgas potencialmente tóxicas.
O Plano do MAPA segue quatro indicadores para atuação em casos de “Maré Vermelha”, sendo eles:
- definição de indicadores a partir de relato de banhistas e pescadores
- coleta de análise feita pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)
- notificação de ocorrências médicas à Secretaria de Saúde
- coleta por parte da Defesa Agropecuária, que detecta a presença da toxina nos animais comestíveis
E COMO A MARÉ-VERMELHA VAI EMBORA?
As microalgas se diluem na água e a concentração desses organismos diminui naturalmente. São necessárias em torno de três semanas para que os moluscos depurem por completo as toxinas. Já os peixes não bioacumulam as toxinas com a mesma intensidade dos mexilhões, portanto, eles fazem a depuração mais rapidamente, em cerca de duas semanas. Contudo, os peixes que são expostos a elevadas densidades de biotoxinas, são mais susceptíveis à toxicidade aguda. Diferente dos moluscos, as larvas e peixes adultos correm mais risco de morte em episódios de floração das microalgas, sendo a mortandade de peixes importante indicador da formação de florações tóxicas.
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O Projeto Mar é Cultura atua no desenvolvimento sustentável da maricultura no litoral norte do estado de São Paulo e conta com a parceria da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental.